SEJA BEM VINDO A NAÇÃO HIP HOP BRASIL SC

A Nação Hip Hop Brasil é a maior organização da América latina de Hip Hop. Com uma presença marcante e significativa nas principais cidades do Brasil. E como objetivo principal visa o fortalecimento da coletividade, com a ampliação da ação, discussão e fomentação cultural e social , focando a formação permanente de seus quadros para uma participação efetiva nas políticas publicas e culturais . Em Santa Catarina a Nação Hip Hop Brasil já se encontra nas principais cidades do estado, contribuindo para uma geração pensante e participativa. Temáticas e metodologias focadas na Cultura Hip Hop são as ferramentas atrativas para o levantamento dos temas sobre as problemáticas pertinentes a nossa sociedade. A Nação Mulher é um dos diversos exemplos de nucleação temática do NHHB-SC, espaço de reflexão e ação feminina que discute a problemática e assuntos relacionados às mulheres desde espaços na sociedade, direitos, saúde, organização e temas atuais. A NHHB-SC pretende, desenvolver projetos e programas que contribuam para com a sociedade, em especial a juventude da periferia, de maneira efetiva, elaborando políticas públicas que venham a atender as necessidades e demandas dessa parcela da população. Através dos elementos culturais do Movimento Hip Hop, buscaremos sensibilizar vários setores da sociedade para apoiarem projetos e programas voltados para estas idéias.

É TUDO NOSSO!

sábado, 29 de janeiro de 2011

Aborígine Clip e Matéria - Hip Hop: Fazer por fazer?

Cantar por cantar? Dançar por dançar? Fazer por fazer? É assim que ultimamente estão fazendo e dentro disto faço nova pergunta: Cantar pra quem? Dançar pra quem? Fazer pra quem? Vamos continuar evoluindo a rimática e regredindo o conteúdo? Enquanto ficamos ostentando carros que muitas vezes não possuímos, tendo como objetivo o lucro, nada teremos e em ponto nenhum chegaremos.
Sabe pra quem você tem que dançar ou cantar? Para as pessoas que a cada 03 segundos morrem no mundo de fome. Para os mais de 100 mil jovens desempregados no DF. Para as famílias que choram a cada 10 minutos, pois são alvo de armas de fogo. Para as 8.000 pessoas que morrem diariamente devido a doenças associadas ao uso do cigarro. Para aqueles que vomitam seus próprios rins. Para as crianças, pais e mães de crianças. Para o jovem que como você queria cantar, grafitar, discotecar ou dançar, mas não pode, pois a droga não deixa; ou talvez quem poderia ensiná-lo está muito ocupado treinando autógrafos e na sua praia de idiotice pessoal (se é que me entende).
Vê? O hip hop é muito mais que esse mundinho de calças largas e parafernálias carnavalescas. O hip hop é mudança, é transformação social. Tem que haver objetivo em cada moinho de vento e em cada bombardeio de tinta. Temos que somar a energia que temos a uma causa, e jamais nos deixar levar pelos PRODUTO$ DO$ OPRE$$ORE$. Direcione seu talento a esta causa: ao fim da miséria, a elevação da fraternidade humana.
Ou você vai ser mais um a arruinar e destruir o sonho que muitas pessoas ajudaram a erguer com a própria vida? Raciocine! (...)
Para gravação do Clipe, o MC e a equipe da Nakaradura Produções percorreram mais de 400 Km por todo o DF visitando as cidades de Samambaia, Recanto das Emas, Santa Maria, Estrutural, São Sebastião, Paranoá, Vila Planalto, Taguatinga, Plano Piloto, Lago Sul, além de Pedregal e Céu Azul.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

As Grandes tragédias humanas tem como responsáveis a corrupção e a ganância!




As enchentes e os desbarrancamentos de encostas em muitos estados, especialmente no Rio de Janeiro, são tragédias anunciadas e previsíveis por meios técnicos e científicos, mas que se repetem anos após anos, resultando em perdas humanas e materiais evitáveis, sem que as autoridades (Ir)responsáveis se importem com elas.

Nessa hora a mídia sensacionalista, fazendo de conta que informa, fazem circo com a desgraça dos cidadãos que tiveram a infelicidade de construir suas moradias precárias, no lugar que lhes restou, devido ao pouco caso do poder publico. Palpiteiros de toda ordem e calibres, políticos, especialistas, jornalistas e intelectuais, tentam aparecer com suas frustrantes constatações: Era possível prever e evitar a catástrofe. Porque não disseram ou fizeram nada antes?

Desta feita, apesar da maioria ser os mesmos de sempre, a desgraça se deu em terras de príncipes e princesas, atingindo também a fidalguia e a burguesia. Talvez por isso, tenha algum impacto, sendo tratado pelo poder publico com maior empenho e respeito, do que quando as vitimas são apenas favelados, negros pobres e trabalhadores. Mas quanto tempo vai ser preciso para que as elites políticas e econômicas, passem a reconhecer que esse pais é de todos e todos? Quando o povo vai exigir de acordo com a constituição, os mesmos direitos, deixando de cultuar ídolos salvadores da pátria?

Está provado, os investimentos e melhorias com o dinheiro publico, concentram-se nas localidades mais desenvolvidas, que já possuem os melhores equipamentos públicos. Menos de 30% dos investimentos vão para as periferias, onde mora 70% da população, absolutamente carentes de melhorias e recursos.

O déficit no Brasil é de 8 milhões de moradias, sendo que existem, segundo a Folha de SP, 11 milhões de moradias impróprias. O que fazem os governos, os parlamentares, o ministério publico, para garantir uma moradia e uma vida decente a estes cerca de 80 milhões de brasileiros? O que faz o movimento popular e sindical, em geral para apoiar e se somar a luta dos sem teto?

Os governos fazem vista grossa para a irregularidades dos ricos, a custa de boas propinas, faz pouco caso dos pobres, não se dispondo realizar obras de interesse popular, pois isto não dá voto, nem caixa dois para financiar seus partidos nas eleições. Os parlamentares e os juízes apenas preocupam-se em aumentam seus salários e vantagens.

Preferem as grandes obras, ainda que elas violentem a natureza e o meio ambiente, afinal pensam eles, mais importante são os currículos e a dinheiro em caixa para financiar as milionárias campanhas. Assim, não dão a mínima para a fauna e a flora, para as construções nas encostas, para a conservação das matas ciliares com a ocupação irregular das margens dos rios, para a economia “marginal” da coleta seletiva em suas cidades, para o desmatamento de florestas ou investimento em educação ambiental e cidadã. Afinal, quem constrói uma hidrelétrica ineficiente e cara como Belo Monte (estimada pelo governo em $3,7 bilhões de dólares, mas que segundo os técnicos não deve ficar pronta por menos de $ 11 bilhões de dólares), vai se preocupar com gente, com pobres, córregos, matas, com a vida de alguém, com a destruição do planeta?

Trata-se da mesma lógica das UPP´s de Sergio Cabral, Jaques Wagner, Tasso Genro, Alckmin, Lula e Dilma. É mais barato treinar tropas brasileiras financiadas pela ONU, no Haiti, colocando-as para reprimir e controlar a população pobre e favelada no Rio, em SP, no Recife, em Salvador (para permitir o transito seguro dos turistas nas Olimpíadas e na Copa), do que investir em uma educação de primeiro mundo [que prometem a 20 anos e não cumprem], em cultura, lazer, saúde, transporte coletivo de qualidade, e empregos, que absorvam a mão de obra jovem e na construção de uma dignidade cidadã.

O custo absurdo, ao erário publico, de R$ 250 mil por mês, de um deputado federal; Os fantásticos salários e vantagens de juízes, ministros, senadores; As espetaculares fraudes e superfaturamento de obras; Os cinematográficos roubos de dinheiro publico, como a apropriação de 150 milhões pelo juiz Lalau, outro tanto, do banqueiro Daniel Dantas e do ex-governador de Brasília; Os mensalões da vida, nos dão a dimensão pelo que se interessam ou o que podem fazer a elite desse pais, os políticos e magistrados.

Preocupados com o bem estar dos herdeiros e amigos, não vão cobrar as maracutaias dos parceiros, menos ainda preocupar-se com vidas de pobres e negros, com matas ciliares, córregos, com desmatamento de floresta, educação ambiental e com cidadania?

Não se apereem, ano que vem tem mais, gente triste chorando a morte de entes queridos, e assim “a gente vai se levando essa vida” nesse país das oligarquias escravistas ainda no século XIX, em matéria de direitos republicanos e democráticos. E nós, continuamos batendo palmas e votando neles. 

Escrito por: Reginaldo Bispo - Coord. Nacional de Organização do MNU.

“LISTA SUJA” DO TRABALHO ESCRAVO ATUAL


Entraram para a "lista suja" desde tradicionais pecuaristas, carvoeiros, canavieiros e sojicultores até produtores de milho, cebola, tomate, café, erva-mate, algodão e pinhão-manso. Empresas de extrativismo vegetal (corte de eucalipto e pinus, bem como coletores de látex) e mineral. Também estão presentes agentes da área da construção civil e da siderurgia.


A atualização semestral da “lista suja” do trabalho escravo deste final de ano incluiu 88 novos empregadores e soma agora 220 infratores. Antes da alteração, o cadastro oficial mantido pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) tinha 147 nomes.
Foram excluídos 16 pessoas físicas e jurídicas que cumpriram os dois anos na relação e mais uma única empresa (Energética do Cerrado Açúcar e Álcool Ltda.) foi adicionada por conta de queda de liminar judicial que a mantinha fora da lista.
Além da quantidade de novos empregadores incluídos (88), chama a atenção a variedade de atuação das empresas, tanto nas regiões do país em que estão espalhados como no que diz respeito aos mais diversos setores econömicos em que atuam.
Entraram para a “lista suja” desde tradicionais pecuaristas, carvoeiros, canavieiros e sojicultores até produtores de milho, cebola, tomate, café, erva-mate, algodão e pinhão-manso. Empresas de extrativismo vegetal (corte de eucalipto e pinus, bem como coletores de látex) e mineral. Também estão presentes agentes da área da construção civil e da siderurgia.
O Pará aparece em destaque, com 24 inclusões. O segundo lugar é do Mato Grosso, com 10; seguido pelo Mato Grosso do Sul, com 9. Na sequência, aparece Santa Catarina (com 7 casos), Piauí (6), e Goiás com Maranhão (ambos com 5). Rio Grande do Sul e Paraná apresentam 4 registros cada. Tocantins, Ceará e Espírito Santo (todos os três com 3 casos); Bahia e Minas Gerais (dois registros cada) e Rondônia (com um caso) completam a divisão dos novos nomes que constam da “lista suja” de acordo com a divisão pelos estados da nação.
Marcadas pela expansão da fronteira agropecuária, Norte e Centro-Oeste aparecem com destaque na comparação entre regiões. Do total, 28 dos novos integrantes da lista foram flagrados no Norte (Pará, Tocantins e Rondônia). Outros 24 mantinham trabalho escravo no Centro-Oeste (Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás). O Nordeste somou 16 nomes (em decorrência de ocorrências na Bahia, no Ceará, no Maranhão e no Piauí), acompanhado pelo Sul (15) e pelo Sudeste (5).
A atualização consiste na última realizada no governo Lula e a maior em número de entradas. Esse grande volume de inclusões está diretamente vinculado ao grande número de estabelecimentos inspecionados entre 2007 a 2009 (206, em 2007; 301, em 2008; e 350, em 2009).
A “lista suja” é reconhecida internacionalmente como um dos principais instrumentos no combate ao crime de trabalho escravo no Brasil. A pressão decorrente da inclusão no cadastro se dá por parte da opinião pública e da repressão econômica.
Após a inclusão na “lista suja”, instituições federais como o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal, o Banco da Amazônia (Basa), o Banco do Nordeste (BNB) e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) suspendem financiamentos e o acesso ao crédito. Bancos privados também estão proibidos de conceder crédito a estas empresas, que também são submetidas a restrições comerciais e outros tipo de bloqueio de negócios feitos pelas empresas que fazem parte do Pacto Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo.
O nome da pessoa física ou jurídica incluída permanece na relação por pelo menos dois anos. Durante esse período, o empregador deve garantir que regularizou os problemas e quitou suas pendências com o governo e os trabalhadores. Caso contrário, permanece na lista.
Nomes das empresas incluídas na “Lista Suja” do Trabalho Escravo em 31.12.2010:
Adão de Góes – 592.275.599-49
Ademar Teixeira de Barros – 193.494.086-00
AG Construtora Ltda. ME – 08.715.574/0001-58
Agostinho Zarpellon e Filhos S.A. Ind. E Comércio – 78.141.843/0001-03
Agroflorestal Tozzo S.A. – 02.298.006/0002-01
Agropecuária Corumbiara S/A – 04.418.398/0001-31
Agropecuária São José Ltda. 03.141.488/0001-65
Agrovale Cia. Industrial Vale do Curu – 07.798.994/0001-82
Airton Fontenelle Rocha – 026.711.583-00
Airton Rost de Borba – 336.451.750-91
Aloísio Miranda Medeiros – 871.560.406-34
Antônio Assunção Tavares – 049.302.073-04
Antônio Carlos Martin – 339.534.147-04
Antônio Feitosa Trigueiro – 028.607.833-34
Ari Luiz Langer – 300.237.779-15
Bioauto MT Agroindustrial Ltda. – 08.645.222/0002-54
Brochmann Polis – Industrial e Florestal S.A. 83.750.604/0001-82
Carla Ezequiela Tiunilia Tavares Diniz Lemos Melo – 571.146.411-68
Carlos Fernando Moura & Cia. Ltda. – 00.110.581/0001-14
Carvoaria Santa Lúcia Ltda. ME – 09.606.470/0001-78
Cleber Vieira da Rosa & Cia. Ltda. – 09.025.835/0001-70
Construtora Lima e Cerávolo Ltda. – 02.683.698/0001-12
Darci Antônio Marques – 542.626.408-25
Dario Sczimanski – 026.596.899-20
De Bona e Marghetti Ltda. – 06.027.636/0001-03
Délio Fernandes Rodrigues – 288.135.531-53
Derimácio Maciel Soares – 385.433.971-20
Dissenha S/A Indústria e Comércio – 81.638.264/0007-62
Edésio Antônio dos Santos – 130.382.903-78
Edil Antônio de Souza – 368.373.851-00
Edson Gomes Pereira – 523.172.503-04
Edson Rosa de Oliveira – 158.863.938-03
Elcana Goiás Usina de Álcool e Açúcar Ltda. – 08.646.584/0001-89
Ervateira Regina Ltda – 84.585.470/0001-54
Espedito Bertoldo de Galiza – 066.925.083-04
Eujácio Ferreira de Almeida – 479.534.627-53
Fabiano Queiroz – 876.184.946-49
F. L. da Silva Carvoaria – 04.888.353/0001-20
Gilmar Gomes – 10.250.105/0001-52
Gilmar Toniolli – 475.888.700-44
Ind., Com. e Representações Família Betel Ltda. – 12.317.202/0001-40
Imfisa – Infinity Itaúnas Agrícolas S/A. – 39.403.274/0001-67
Isaías Alves Araújo – 257.529.951-91
Jaime Argollo Ferrão – 139.730.618-15
João de Araújo Carneiro – 001.284.653-87
João Dilmar Meller Domenighi – 262.332.070-53
João Ribeiro Guimarães Neto – 127.367.591-68
Joel Pereira Corrêa – 022.756.941-53
José Carlos Castro dos Santos – 345.160.185-00
José Carlos Pereira da Silva – 858.232.449-91
José Celso do Nascimento Oliveira – 256.803.665-68
José de Oliveira Lima – 110.902.001-53
José Egídio Quintal – 011.739.109-30
José Silva – 008.067.734.-72
JR2 Construtora Ltda. – 04.247.681/0001-48
Landualdo Silva Santos – 375.838.832-53
Libra Ligas do Brasil S.A. – 10.500.221/0001-82
Madecal Agro Industrial Ltda. – 83.053.777/0002-22
Magno Rodrigues de Souza – 873.741.022-91
Manoel Luiz de Lima – 117.134.109-15
Nelcimar Borges do Prado – 039.738.081-04
Nelson Donadel* – 008.042.230-68
Nutrivale Madeiras e Erva-Mate Ltda. 75.144.139/0001-08
Onofre Marques de Melo – 050.043.141-87
Osmar Alves dos Santos – 031.447.631-87
Pedro Ilgenfritz 007.355.541-02
Peris Vieira de Gouvêa – 214.527.257-72
Ramilton Luis Duarte Costa 745.079.823-91
Realsul Reflorestamento Américas do Sul Ltda. – 77.585.701/0001-64
Repinho Reflorestadora Madeiras e Compensados Ltda. – 82.196.510/0001-40
Ricardo Peralta Pelegrine – 06.916.320/0001-72
Roberto Sebastião Pimenta 223.128.116-34
Ronaldo Garcia Pereira – 427.359.632-68
Rotavi Industrial Ltda. – 59.591.974/0014-54
Samarone de Freitas – 827.977.571-49
Sebastião Levi de Carvalho – 011.690.681-20
Sebastião Marques da Silva – 097.955.612-00
Sinomar Pereira de Freitas – 061.306.901-34
Transcarmo Transporte de Combustíveis Ltda. – 24.884.516/0001-80
Usina Fortaleza de Açúcar e Álcool – 05.935.048/0001-05
Valdemar Rodrigues do Vale – 092.315.011-00
Valdivino Barbosa da Silva – 268.106.702-20
Valnei José Queiroz – 664.920.410-20
Valtenir João Rigon – 680.445.349-20
Vanil Martins Sampaio – 068.305.606-91
Von Rommel Hofmann Peixoto – 001.693.997-29
Wanderley Rabelo de Andrade – 376.882.436-53
Welson Moreira da Luz – 680.881.082-68

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Kinha (Griôts) - O Remédio do Caos

   Conjuntamente com a divisão climática do tempo, assim também são os olhares que friamente se voltam pras favelas. Olhares que perpetuamente são carregados de preconceito, e que num dado momento se enchem de glamour e fantasia quando o assunto é brilho e batuque. É possível ouvir o ranger dos dentes no semblante de um povo que ainda encontra motivos pra sorrir, um povo que improvisa a justiça, a fome, a arte e a sobrevivência.
   É como se estivéssemos fadados a viver numa selva de pedra, onde os valores são deturpados, e a morte nada mais é do que um mero detalhe, onde monotonamente os corpos denotam o mesmo tom. O processo histórico da presente escravidão fez com que pensássemos nesta apenas como um passado remoto, e que cotidianamente inexiste qualquer forma expressiva de seu conteúdo drástico.
   Na estrutura do caos, é possível identificar a erradicação da vida e a falência da condescendência humana, que se encontra pautada no individualismo. O que já fora um valioso utensilio da mão de obra barata, socialmente permanece na mesma posição, mas com um sentido diferente, um objeto insignificante e sem importância, um objeto que na modernidade tornou-se domínio publico e caiu em desuso. Já não é preciso ir até a África pra conseguir o que se tem aqui. As ruas estão abarrotadas, os morros e favelas crescem desordenadamente, e junto com ele, na ausência do estado, a presença do poder paralelo. Conservadores eloquentes julgam aquilo que não conseguem entender, ou melhor, não querem compreender; opiniões são conduzidas e distorcidas, a ponto de fazer com que os populares peçam mais punição pro seu semelhante, para que depois a violência recaia sobre o seu próprio corpo.
   A perversidade do homem fez com que em nome de Deus fizessem guerras e escravizassem. É como se estivéssemos predestinados a esse inteiro estado de subalternidade e servidão, onde os fatos acontecessem como parte de nossos perversos desejos, e isso, é o que nos mantém na atual situação em que nos encontramos, pois nada tem a ver com o estado, o racismo ou o preconceito, e sim com a nossa falta de capacidade e organização. É como se toda essa realidade a que estamos submetidos, fosse fruto do nosso querer. Mais não tem problema, daqui a pouco é fevereiro, tudo vira festa e as raças se congraçam, para que nos próximos meses possam reviver o terrorismo nas bases de um ciclo que não se recria e não se renova. Pois muda-se o sistema, mudam-se os sujeitos, mas o modos operandi é o mesmo.